sábado, 24 de novembro de 2007

Dança do Ventre


Torva, febril, torcicolosamente,
Numa espiral de elétricos volteios,
Na cabeça, nos olhos e nos seios
Fluíam-lhe os venenos da serpente.

Ah! que agonia tenebrosa e ardente!
Que convulsões, que lúbricos anseios,
Quanta volúpia e quantos bamboleios,
Que brusco e horrível sensualismo quente.

O ventre, em pinchos, empinava todo
Como reptil abjecto sobre o lodo,
Espolinhando e retorcido em fúria.

Era a dança macabra e multiforme
De um verme estranho, colossal, enorme,
Do demônio sangrento da luxúria!

Cruz e Souza

Um comentário:

Salette's Poems disse...

Dança que encanta e bamboleia os corações masculinos, ao mesmo tempo é uma dança macabra e venenosa, pois a cada envolvente retorcida e a comparação da dança da cobra a lhe atacar.

Salete.